Fonte: Valor Econômico
Por: Adriana Cotias
Mais de duas dezenas de empresas têm potencial de pagar gordos dividendos aos acionistas em 2021. Segundo levantamento da Economática, com base nos lucros reportados até o fechamento do terceiro trimestre, o potencial de retorno com proventos (incluindo juros sobre capital próprio) do conjunto avaliado varia da casa dos 2% até mais de 9,6%. Com a taxa Selic a 2% ao ano, trata-se de um retorno com dividendos, conhecido como “dividend yield”, convidativo.
Para passar pelo filtro, a Economática considerou companhias que registraram lucro tanto em 2019 quanto nos primeiros nove meses de 2020. Além disso, o resultado até o terceiro trimestre tem de ser equivalente a pelo menos 75% do lucro acumulado em 2019, com potencial de entregar um lucro igual ou superior no fechamento dos dados de 2020.
As premissas também incluíram um volume financeiro médio de negociação a partir R$ 5 milhões ao dia na B3 e uma política de dividendos das empresas equivalente à do ano passado, ou seja, sem alterações. A base foi o preço da ação no último pregão de 2020.
Na lista de 24 ações extraída desse pente-fino, destaque para o setor de energia elétrica, que tradicionalmente paga bons dividendos, e é representado por oito papéis. Na sequência aparecem seguradoras, exploração imobiliária e alimentos, com dois papéis cada. Outros dez segmentos têm um ativo representado.
O melhor dividend yield projetado é o da Enauta Participações ON, com 9,64% ao ano, em comparação aos 7,14% de remuneração aos acionistas em 2020. Na sequência aparecem as units da Taesa (9,63%), Wiz ON (8,32%), Cyrella CCP ON (6,8%), as units da AES Tietê (6,37%) e as preferenciais da Transmissão Paulista (6,26%).
Em alguns casos, o dividend yield projetado para este ano é maior do que o de 2020 porque alguns papéis tiveram forte desvalorização. Conforme lembra a Economática em seu relatório, no cálculo do yield o denominador é o preço da ação. Assim, se o ativo perde valor, o resultado percentual em dividendos e JCP tende a ser maior, mesmo que a empresa desembolse em dividendos o mesmo volume em reais.
No início de 2020, das 21 ações mapeadas pela Economática, partindo de um yield mínimo de 4% – equivalente à taxa Selic da época -, somente nove companhias atingiram retorno superior aos 4% projetados. A pandemia de covid-19 acabou reduzindo a distribuição de dividendos ao longo do ano.
A empresa que melhor remunerou seus acionistas foi a Taesa, com um yield de 9,63%, ante os 6,06% estimados. O papel que era apontado com maior potencial era Itaú Unibanco ON, com previsão de 8,76%, mas o valor real ficou em 4,67% devido à brusca redução na distribuição de proventos pelo setor bancário.